quinta-feira, 9 de abril de 2009

O homem, o nada, sua vida, sua morte

Caríssimos e caríssimas, vocês que sempre esperam algo de mim, perdoem-me por sumir um longo e tenebroso verão, mas a carga horária é imensa, os afazeres e compromissos particulares maiores ainda. Pois bem, muitos fatos mexeram comigo nesses últimos dias, mas exatamente nesta semana.
Dois homens que nesta terra se julgavam valentes, fortes, ortodoxos em suas opiniões, formas de agir e pensar; ambos, com idade avançada, tinham em sua estatura semelhança. O mais instigante deles, alguém que conheci há dois anos. Em vida, sinceramente, sentia por ele uma gama de sentimentos ruins, pois este sempre era contrário, opositor ferrenho ao que fosse novo e o desacomodasse de sua mesmice, de seus velhos e arcaicos hábitos; metido a garanhão, lembro-me perfeitamente de quando disse: "Se não puder mais subir em minha moto, pego meu revólver e dou um tiro na cabeça!" Posição extremada, não, ilustre leitor? Acho que Deus teve pena dele e levou-o de uma forma única. Arrumando-se para mais um longo dia de trabalho, sentiu-se mal e partiu para um outro universo, um outro mundo que não mais o terreno.
Sim, morre Daniel Pompílio de Mello Filho, homem rígido, contador de histórias, pessoa de difícil relação, mas um oponente por vezes engraçado. Pois bem, vai aqui minha concordância com Schopenhauer: "Para muitas pessoas, os filósofos são noctívagos inoportunos que as perturbam durante o sono."
Vejam que sua forma brusca de pensar levou-me a ser questionada, levou-me a manter o autocontrole, levou-me a buscar alternativas, ou seja, uma "pedra no sapato" que me ensinou a conviver com as diferenças e contestações. Na verdade, primeiro a sensação de alívio, depois a de aprendizado, agora, a de saudade, sério.....saudade, pois aqueles que calam ou com tudo concordam são inimigos ocultos, prefira em sua vida os inimigos declarados aos falsos amigos.
Jamais me esquecerei de sua expressão incitando-me a ouvir: "Você é uma besta, inexperiente! Aqui o único capaz de gerir o grupo sou eu." Hoje, pode-se perceber isso, mas as palavras são exatamente o contrário. Portanto, fica aqui minha homenagem a um homem que fará falta ao grupo docente do CEJZ.