domingo, 5 de fevereiro de 2012

Presente de Deus

Sabe? Quando um dia, você tem de optar por uma profissão, seus pais, no meu caso, minha mãe queria que eu fosse nutricionista, projetou seu anseio em mim, aliás, quando nasci, não havia ultrassonografia, ela queria muito que eu fosse menino, decepionei-a, já papai achava bonito uma menininha e eis que vim eu.
Mas não foi para falar de origens que passei por aqui, foi para falar do dia 02 de fevereiro de 2012, creio que jamais vá esquecê-lo.
Estou eu, feliz, alegre e contente dando aula sobre verbos na turma da Casa da Moeda, quando de repente aparece à porta o Deus Atividade, pede licença, eu brinco e ele diz: "Vem aqui embaixo ver uma pessoa!" Desci, meio apreensiva, com o questionamento, 'quem será este ser que interrompe minha aula?' Ao chegar à secretaria dou de cara com a Laianara e um rapaz. "Professora, vim te dar a notícia, soube que voê estaria aqui hoje e vim dizer que tirei 900 na redação do Enem e 9,5 na Uff, passei para Medicina, vou fazer Uff!!!!!!!" Cara, me deu um frio na espinha, uma alegria, sem tamanho.......a vitória era dela, mas eu fiz parte disso. Trouxe-me uma caneta linda com o meu nome gravado, uma barra de chocolate Alpino e as seguintes palavras: "
"Professora, durante todo esse tempo, eu sempre pude contar com você. A sua atenção me ajudou a conquistar o meu maior sonho. Obrigada por tudo, cada dúvida tirada, cada palavra de força e cada momento em que você confiou a mim um pouco do seu conhecimento. Saiba que a sua classe é, e sempre será, o bem mais precioso que uma sociedade pode possuir. Sem professores, não há médicos, engenheiros, advogados, nem quaisquer outros profissionais.
Tanto no presente, quanto no passado e no futuro, você é, foi e será o profissional que mesmo frente às dficuldades, sempre conduzirá ao aprender e ao saber.
É merecedor de todos os elogios, de todos os reconhecimentos, de todas as palmas, por se dedicar de corpo e alma à transformação do ser por meio de educação e do ensino. Muito obrgada.
Layanara."
"Um mero professor apenas aponta o caminho das estrelas; um professor de verdade ajuda a alcançá-las."
Lidia Vasconcelos
Isso tudo foi, é e será muito mais que um "tapinha nas costas", muito mais que um carro novo ou uma casa na praia, pois só é realizado na vida aquele que trabalha com aquilo que defende e constrói a cada dia, esse é o ser realmente HUMANO e FELIZ.
Obrigada Deus por me conceder o dom de fazer algo que promove as pessoas e as faz realizar sonhos.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Passagem

Mais uma vez escrevo como Alvares de Azevedo, Cruz e Sousa, Augusto dos Anjos, ou seja, escrevo saudosa sobre alguém que me respeitou, ensinou-me a amar e a descobrir uma Iara dentro da Iara vista por todos.
Seu nome: Antonio Carlos da Silva; sua idade: 56 anos; sua vivência: fenomenal, sua inteligência: brilhante; seu vício: as drogas, as mulheres e o samba carioca, o carnaval; um ser humano encantador, que viveu tão, mais tão intensamente que nos deixou ainda em idade produtiva.
Conhecia o Centro do Rio e suas histórias melhor que muitos doutores em História, contava os detalhes de um tempo vivido por ele e lido, pois, ao perambular pelas ruas, ia aos museus, bibliotecas e lia a respeito do lugar onde nasceu, cresceu, fez-se homem.
Contava que, aos 10 anos de idade, uma prostituta lhe ensinou a arte de dar e receber prazer e mostrou o caminho das drogas.
Tricolor inveterado, tinha a face do malandro carioca e o samba na alma; diretor de bateria, tinha o ritmo na voz rouca e agressiva, voraz amante, voraz na opinião, voraz na vida.
No fundo, era um menino que aprendeu a lidar com as adversidades da existência. Amava as crianças como se ama o próprio filho.
Amou as mulheres e se deixou ser amado.
Cafetão maravilhoso, mas acima de tudo, ciente de sua responsabilidade.
Sua imagem, suas opiniões, sua simpatia, sua malandrice, jamais sairão da minha mente e da minha vida.
Que sua estrela brilhe nos céus do Rio de Janeiro, a cidade maravilhosa que tanto amou, o centro, as prostitutas, a vida e, principlamente, Deus na pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo. "Moça, Deus é Deus."

Deus não é acessível a todos

Queridos, ontem fui ao CCBB, vi uma exposição linda sobre a Índia, suas histórias, fotos, costumes, vestimentas; passeei pela história do país através do dinheiro brasileiro e mundial, tive uma saudade danada da infância, cruzeiros, cruzados, cruzados novos....; vi o zimbo, entendi o vocabulário de minha religião; passeei pelo centro histórico do Rio, conversei por horas e tirei conclusões fantásticas com um grande amigo; mas, ao sair do edifício Menezes Cortes, vimos uma cena que nos fez criar o título da crônica. Por volta das 21h, uma noiva esperava ansiosa por sua entrada triunfal à Igreja de São José, igreja esta em que eu fui batizada com 9 meses de vida, enquanto uma moradora de rua, mal ajambrada, ficou paralisada olhando o carro e a nubente, que mesmo com um vestido, até onde se podia perceber, simples, estava realizando o sonho de uma em cada 2 mulheres no mundo: o casamento. O acompanhante de nossa 'indigente' insistia para que eles seguissem seu caminho, mas ela queria ver a entrada daquela que realizara seu sonho recôndito na alma; imagine, uma mulher de rua e da rua....como entrar naquele museu a céu aberto e participar de tão ilustre cerimônia? Será que Deus não é acessível a todos ou o homem é quem faz de seu destino e sua caminhada nessa terra algo elitista? Claro, num mundo capitalista, as desigualdades sociais são bem aparentes, mas mesmo não tendo noção daquele contexto, a pedinte daria tudo para estar no lugar da aristocrata, faria qualquer coisa para assistir ao enlace matrimonial, certamente seria impedida por seguranças, mas, por pelo menos 5 minutos, deixou sua mente viajar por um caminho, teoricamente, inacessível, pois o Deus louvado e invocado naquela cerimônia, não é o Deus daquela excluída. Sábado, 14 de janeiro de 2012