sábado, 1 de novembro de 2008

À Maria do Rosário

Dei uma pausa na novelinha., pois acabei de escrever o que meu coração pedia.
À Maria do Rosário

Engraçado, desde quando tive a oportunidade de vaga no CE Jorge Zarur, praticamente dentro de casa e fora de favela, convidaram-me para ministrar aulas de inglês, já que Língua Portuguesa tinha quadro completo; pois bem, nunca me senti realmente professora daquelas pessoas.
Ontem, num desses momentos alucinantes de aulas pra gente que não está nem aí, D. Mª, aluna da 3007, nordestina valente e "arretada",vira-se pra mim e diz:
“- Num sabe profª....meu telefone tava tudo em inglês, parou de receber chamada, eu apanhei meus cadernos, vi sua matéria, (Phrasal Verbs) cutuquei, liguei pra minha amiga, pedi pra ela ligar pra mim e quando o telefone tocou, voltou a funcionar. Foi a senhora que consertou meu telefone.”
Pois bem, o legal da história não foi as risadas ou se aquilo foi inventado, mas pelo menos, por ilusão ou realmente fato ocorrido, só sei que me deu uma felicidade de saber que não perdi 100% do meu tempo trabalhando uma língua à qual eles têm aversão, pois cansei de ouvir: “Eu não sei falar nem português....quanto mais inglês!” Por mais que você não ligue, esta não é sua matéria chave, você fica ressentido com a falta de função na vida das pessoas.
De qualquer forma, descobri, ou melhor, ratifiquei como amo a tal sala de aula, não saberia viver de outra forma, não saberia nem poderia viver sem essas misturas de sensações estranhas, difusas, ilógicas e lógicas simultaneamente.
Obrigada, Maria do Rosário, pois, com toda a sua impetuosidade, fez-me ficar ‘felizinha’ por alguns minutos num emaranhado de coisas estranhas e fora da minha realidade.

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