domingo, 15 de janeiro de 2012

Passagem

Mais uma vez escrevo como Alvares de Azevedo, Cruz e Sousa, Augusto dos Anjos, ou seja, escrevo saudosa sobre alguém que me respeitou, ensinou-me a amar e a descobrir uma Iara dentro da Iara vista por todos.
Seu nome: Antonio Carlos da Silva; sua idade: 56 anos; sua vivência: fenomenal, sua inteligência: brilhante; seu vício: as drogas, as mulheres e o samba carioca, o carnaval; um ser humano encantador, que viveu tão, mais tão intensamente que nos deixou ainda em idade produtiva.
Conhecia o Centro do Rio e suas histórias melhor que muitos doutores em História, contava os detalhes de um tempo vivido por ele e lido, pois, ao perambular pelas ruas, ia aos museus, bibliotecas e lia a respeito do lugar onde nasceu, cresceu, fez-se homem.
Contava que, aos 10 anos de idade, uma prostituta lhe ensinou a arte de dar e receber prazer e mostrou o caminho das drogas.
Tricolor inveterado, tinha a face do malandro carioca e o samba na alma; diretor de bateria, tinha o ritmo na voz rouca e agressiva, voraz amante, voraz na opinião, voraz na vida.
No fundo, era um menino que aprendeu a lidar com as adversidades da existência. Amava as crianças como se ama o próprio filho.
Amou as mulheres e se deixou ser amado.
Cafetão maravilhoso, mas acima de tudo, ciente de sua responsabilidade.
Sua imagem, suas opiniões, sua simpatia, sua malandrice, jamais sairão da minha mente e da minha vida.
Que sua estrela brilhe nos céus do Rio de Janeiro, a cidade maravilhosa que tanto amou, o centro, as prostitutas, a vida e, principlamente, Deus na pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo. "Moça, Deus é Deus."

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